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Quebrando tabus do Setembro Amarelo

O suicídio é compreendido internacionalmente como relevante questão de saúde pública, no sentido de que afeta muitas vidas, direta e indiretamente, produz adoecimento e impede o bem-estar e qualidade de vida.

A data 10 de setembro, instituída há 15anos pela IASP – International Association for Suicide Prevention, e Organização Mundial de Saúde (OMS), marca mundialmente a “prevenção do suicídio”. Seu intuito é alertar sobre a seriedade do problema e conscientizar a sociedade da necessidade de prevenção.


O que é o Setembro Amarelo?

É uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar o público sobre a realidade e a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo. Ocorre no Brasil desde 2015, por iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O movimento identifica locais públicos e particulares, monumentos artísticos/históricos com a cor amarela, faz ações de rua (palestras, caminhadas, passeios ciclísticos/de motos) e abordagens públicas divulgando informações.

O CVV – Centro de Valorização da Vida é uma entidade sem fins lucrativos atuando gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962 e ligado a órgãos internacionais que militam nesta causa.

O suicídio, os comportamentos suicidas e as tentativas são uma questão complexa, sem explicações simplistas para sua ocorrência e sua prevenção. Resulta de fatores múltiplos, envolvendo pessoas, sociedade, tempo histórico e contexto social.

O câncer, a AIDS e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) há três décadas atrás eram tabus e o número de vítimas aumentava visivelmente. Um esforço de pessoas/organizações corajosas e engajadas, quebrou esses tabus, desmistificou o assunto, conscientizou e estimulou a prevenção, revertendo esse cenário.

Hoje o suicídio vive esse tabu e o aumento de vítimas. Estatísticas registram 32 brasileiros mortos por dia (taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer). As pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que alguém próximo está com ideias suicidas.

Há esperança pra reverter esse quadro, porque segundo dados da OMS, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está próximo.

Mas, como buscar ajuda se sequer a pessoa sabe que pode ser ajudada e que sua crise é mais comum do que pensa? Simultaneamente, como oferecer ajuda a um amigo/parente se também não sabemos identificar os sinais e não temos familiaridade com a abordagem adequada?

Profissionais experts em suicidologia, organizações e pessoas da comunidade, se voluntariam em prol da prevenção do suicídio e com apoio da tecnologia as informações circulam rapidamente. A cor amarela em prédios, posts, cartazes, dão visibilidade ao fenômeno, têm impacto midiático, mas só isto não basta! Precisa haver continuidade na ampla informação, para derrubar o preconceito, os estereótipos, os julgamentos culpabilizantes e moralizantes, que dificultam às pessoas em sofrimento buscar ajuda.

Por outro lado, é preocupante ocorrerem alguns equívocos...

Slogans como “vamos falar sobre suicídio” e “fale comigo” estão sendo banalizados e promovendo para muitos a compreensão errônea de que para prevenir suicídios é preciso “apenas” falar sobre. Falar sobre suicídio indiscriminadamente pode ser irresponsável, pois sem conhecimento sobre assunto tão complexo e sem uma intervenção adequada, podem ser realizadas afirmações/ações com impacto negativo em vidas.

Pessoas com ideação suicida precisam ser ouvidas sim, compreendidas e atendidas em suas necessidades como ser humano, porém, de forma qualificada e competente.

Como posso ajudar?

  • Escutando e compreendendo atentamente a pessoa em situação de risco, não tratando isto com descaso ou como “frescura”;

  • Conhecendo as instituições e profissionais da sua cidade que prestam serviços qualificados em situação de crise/risco;

  • Identificando/acionando quem pode dar suporte social ao sujeito em risco: familiares, amigos, colegas de trabalho, igreja, comunidade, etc.

  • Em urgências/emergências acione o Corpo de Bombeiros, 193, ou dirija-se ao Pronto Socorro Municipal. Para avaliação e suporte profissional procure a Estratégia de Saúde da Família do bairro, a mesma poderá atender e encaminhar para outros serviços necessários. Ou informe-se no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou nas clínicas de psicologia ligadas às faculdades de psicologia da sua cidade.

  • Oferecendo o fone do CVV 188: voluntários treinados atendem por telefone, chat, skype ou e-mail.

É necessário que as políticas públicas aprovem leis que garantam planos de prevenção do suicídio, pesquisas fundamentadas e a existência/funcionamento dos serviços necessários em Saúde, Educação, Segurança, Assistência Social, Trabalho, etc; que as ações do Setembro Amarelo sejam contínuas; que o “fale comigo” seja diário entre as famílias, no trabalho/escola, nos ambientes virtuais e em todos os espaços de convivência. O fortalecimento dos laços familiares/sociais em qualquer fase do desenvolvimento humano e a garantia de condições dignas de existência, são fatores de proteção ao suicídio.

Ao doar uns minutos do seu tempo para ouvir um amigo ou familiar desesperançado você pode mudar uma vida. Muito mais do que falar sobre suicídio, prevenir é colaborar para que a vida valha a pena!

Cristina Vasconcelos - Psicoterapeuta e Coach








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