Carta às mulheres em luto
- Cristina Vasconcelos

- 5 de nov.
- 3 min de leitura
Eu sei que falar sobre morte e perdas é um assunto delicado… Ao tocar nesse tema, me conecto com minha própria finitude e vulnerabilidade e examino na minha memória um filme que exibe minhas perdas da vida inteira…

Eu chorei por elas, mas sinto que elas me fizeram forte, paciente, resiliente, proativa, perseverante e me prepararam para a vida.
Ao trazer esse assunto quero suavemente mostrar que falar, pensar e escrever sobre ele pode ser útil para acalentar o sofrimento diante das perdas.
Quando falamos em perda logo pensamos na morte de pessoas queridas, pets, etc. Porém a perda é beeem mais abrangente! Perdemos pela morte e também por abandonar ou ser abandonada, por mudanças de endereço/escola/emprego, por ter que deixar pessoas, lugares, coisas para trás e seguir adiante. Perdemos, consciente ou inconscientemente, amores, sonhos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade, de poder, de segurança, status, — e a perda do nosso EU jovem, o EU que se julgava imune às rugas, aos cabelos brancos e imortal…
A perda gera dor física e emocional, e a forma que a mente cria para elaborar este misto de emoções desagradáveis é o sentimento de luto – que não se refere a perda por morte apenas, mas a qualquer ausência de algo/alguém que não voltará mais.
O Dia de Finados, pode ser um dia difícil e pesado para você, um dia em que tudo está confuso e meio doído. Talvez você esteja pensando como conseguirá superar e encerrar esse dia e ainda busca um sentido para essa data.
Já bateu à sua porta a saudade, a tristeza e as lembranças. Em meio a esse turbilhão emocional, você pode sentir a leveza da gratidão pelo privilégio do convívio, os aprendizados, os momentos compartilhados, etc. Isso pode confortar seu coração.
Ninguém sabe lidar 100% com as perdas e a morte. Evitamos falar sobre elas e mesmo com todas as explicações religiosas e filosóficas, pensar nelas traz medo e angústia.
Possivelmente o novo sentido deste dia seja de acolher e aceitar todos esses sentimentos e pensamentos cheios de mágoas, frustração e descontentamento.
Aceitar não significa esquecer ou ignorar. Significa entender serenamente seu próprio sentimento e conviver pacificamente com a perda. É sentir que é preciso continuar a viver mesmo sem a presença dele/a e compreender nossa finitude na Terra.
Perdas são parte da vida, são universais e implacáveis. E cá pra nós: em qualquer fase da vida, pra qualquer pessoa, perder é difícil e dói muito mesmo!!
Lembre-se que os seres humanos não são iguais, cada um possui seu tempo para elaborar a perda, não há uma receita pronta a seguir. Respeite seu tempo e seu processo. E caso você esteja em sofrimento muito intenso para o qual não consegue ver saída, procure ajuda profissional.
Às vezes o luto pode ser um gatilho que ativa feridas emocionais, aumentando sua dor e sofrimento, sem você compreender o motivo. A psicoterapia pode te ajudar a investigar, identificar e ressignificar esses eventos dolorosos.
Estou aqui para te dar a mão e quero que você se sinta acolhida e abraçada. Desejo que você possa unir seus sentimentos mais belos, de generosidade, amor e gratidão para aceitar este momento e seguir por você e para você.
Cuide de si mesma, da sua saúde física e emocional, investindo no seu crescimento pessoal, no equilíbrio entre vida profissional e pessoal e no seu bem-estar.
Tenho convicção de que a dor da perda é passageira, mas o fortalecimento adquirido com a experiência do luto é perene e cheio de ricas oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Um abraço demorado e apertadinho,
Cristina Vasconcelos



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