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Quando a vida online prejudica as relações familiares


Diário Regional / Domingo/Segunda-Feira, 13 e 14 de Setembro de 2015, Juiz de Fora ? Da Redação. Colaboração Leiliane Germano

Uso excessivo de WhatsApp pode gerar problemas conjugais e até mesmo com os filhos

A comunicação móvel já conquistou um papel essencial na vida das pessoas. Ao olhar para o lado, temos a impressão de que todos estão grudados no celular. Em seis anos de vida, o aplicativo WhatsApp se tornou uma opção rápida e prática para quem gosta de bater papo, receber notícias, trocar mensagens e informações em poucos instantes. Na era do "aqui e agora", o aplicativo se tornou uma ferramenta muito utilizada por aqueles que não dispensam o auxílio da tecnologia, a ponto de ela se tornar "viciante". Para não cair nas garras da vida online, é preciso ter cuidado e não se esquecer do mundo real.

A psicóloga e terapeuta de casais, Denise Magalhães, destaca as relações virtuais são um recurso importante, já que diminuem o tempo de algumas demandas, mas que é preciso ficar atento e não perder o contato com o mundo ao seu redor. “Tudo em excesso prejudica a qualidade daquilo que produzimos. No caso de uma relação amorosa espera-se que a qualidade seja essa produção afetiva entre os sujeitos”, analisa.

Há quem diga que nada se compara ao olho no olho. De acordo com a gestalt-terapeuta e terapeuta de casais, Cristina Vasconcelos, as pessoas que ficam muito tempo focadas nas redes sociais perdem o contato concreto. A profissional ressalta que “isso pode levar as pessoas ao isolamento, problemas nos relacionamentos e à timidez”.

Relacionamentos como o casamento podem enfrentar problemas gerados pelo uso excessivo do WhatsApp. Um dos principais motivos que podem originar uma crise na relação é o ciúme gerado quando um dos parceiros exige privacidade quanto às conversas no aplicativo. De acordo com Denise, algumas pessoas usam esse recurso para conversar até mesmo com o próprio companheiro e, assim, perdem detalhes valiosos para a cumplicidade a dois. “Acaba-se perdendo o contato físico, olhares e expressões faciais que podem, inclusive, contrariar ou confirmar o que está sendo dito sobre aquele assunto”.

Com o aumento significativo no tempo em que se gasta verificando atualizações, situações como não visualizar rapidamente as mensagens ou não as responder também podem fazer o clima pesar. Porém, Denise acredita que a vida online não pode ser considerada o principal motivo de um descontentamento com o casamento. “Se o casal está em crise, isso é apenas um sintoma de que eles já estão insatisfeitos e, não reconhecendo isso, usam [a vida online] como desculpa”. Segundo ela, quando se vive uma relação satisfatória, cada um consegue usar o aplicativo com moderação.

Privacidade é uma necessidade. Não compartilhar a senha do celular com o parceiro ou deixar à vista as conversas não significa falta de amor ou confiança. Segundo Cristina, é preciso adaptação a essas novas formas de comunicação. “As pessoas precisam fazer ajustes entre si e dialogar, principalmente para que não haja rompimentos e nem outros problemas por causa disso”, completa.

CASO DE FAMÍLIA

É comum os pais reclamarem que seus filhos estão usando muito o celular e, por conta disso, deixando de dar atenção à família. Mas a situação reversa também pode prejudicar as relações dentro de casa. Ao mesmo tempo que a atitude se torna um mau exemplo, ela também prejudica a intimidade entre os dois. Segundo Denise, o sinal de que há uma dependência nas conversar online é dado por quem pertence ao círculo mais íntimo dessa pessoa. "Familiares e amigos são as primeiras vítimas desse excesso porque elas sentem a perda do contato.

A psicopedagoga e especialista em Educação Infantil, Mônica Gervason, explica que a falta de atenção dentro de casa pode causar consequências psicológicas na criança. “Ela sente essa falta do olho no olho e do aconchego. Isso vai gerar insegurança e uma maior necessidade da presença constante do pai e da mãe”, destaca Mônica, que conta já ter visto fotos em redes sociais de famílias nas quais todos os membros estavam utilizando o celular.

De acordo com a profissional, saber dosar os horários de uso desses aparelhos é a melhor opção. “Não se pode substituir o estudo, a leitura de um livro, brincadeira na rua, a criança tem que viver esse momento de tecnologia, mas ele não pode se tornar um vício”.

A estudante de Comunicação Social, Caroline Pereira, de 21 anos, relata que utiliza o WhatsApp com frequência e que muitas vezes perde uma conversa em família por estar no bate-papo. “Já virou hábito, verifico se tem alguma notificação mesmo sabendo que não tem nada de novo”. Segundo a jovem, esse tipo de comportamento prejudica as relações porque causa constrangimentos às pessoas que estão ao redor.

Nessas situações, em que o uso excessivo do aplicativo gera desconforto e problemas de relacionamento, é preciso sentar para conversar, seja com o companheiro ou com os filhos, e expor as reclamações, mas também soluções. No caso das crianças, a rotina de horários deve ser balanceada e é preciso proporcionar momentos em família para que o filho não passe várias horas na frente do celular.

Cristina Vasconcelos - Psicoterapeuta e Coach

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