Relacionamento mãe e filha – desistir não é uma opção!
- Cristina Vasconcelos
- há 25 minutos
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Manter a saúde do relacionamento mãe e filha parece um tema estranho, no entanto, o assunto é recorrente nas conversas femininas e não são poucas as mulheres que relatam em psicoterapia as dificuldades desse relacionamento.

A relação com a mãe é primordial em nossa vida e é também onde encontramos conflitos, dificuldades e desentendimentos. Essa relação consiste em vínculos profundos, que começam na concepção, até os significados afetivos e as tramas familiares.
Apesar de muito se esperar e exigir da relação mãe e filha, nem sempre vemos a cumplicidade esperada, o apoio e compreensão incondicional. Mães e filhas são humanas e enfrentam dilemas e seus próprios conflitos pessoais.
O relacionamento mãe e filha pode enfrentar sentimentos nocivos, em nível inconsciente. É comum haver discórdias, altas expectativas, exigências, apego e dependência, emaranhados de gerações passadas, julgamento, culpa, competição, raiva, etc.
“Quando a relação entre mãe e filha é uma história de dor, desencontros, disputa, apenas uma tolerância…. o amor TÃO NATURAL NESTE TIPO DE RELAÇÃO não acontece.” (relato de uma seguidora)
Assista vídeo que aprofunda o assunto https://youtu.be/zxBGlZa5ufU
O crescimento da filha traz à mãe a constante lembrança de que o tempo passou e ela perdeu o controle. A filha ao conquistar autonomia e maturidade, mostra à mãe, que não está ali para realizar seus sonhos e projeções.
Nesses conflitos elas irão se dilacerar até encontrarem seus novos papéis. Isso pode resultar em afastamentos parciais ou definitivos, por uma das partes ou por ambas e tem o potencial de destruir por completo o relacionamento entre elas.
Mas desistir de investir nesse relacionamento não é uma opção! É possível tirar proveito da situação, somando habilidades, compreensão, empatia, respeito, perdão e despertando seu poder criativo e regenerativo. É possível investigar e identificar a raiz dos conflitos e ressignificar a história de ambas.
Segundo Bert Hellinger, o teórico da Constelação Familiar, nenhuma mulher progride e avança na vida se estiver em “guerra” com a mãe e sem honrar aquela que foi sua fonte de vida. Reconciliar-se com a mãe que temos é o único caminho de paz interior e liberdade para avançar e na vida.
Precisamos compreender o nosso lugar dentro da família, perceber nossa postura e se necessário, corrigi-la. Reconhecer que a mãe veio primeiro, trouxe os filhos à existência e por isso ela é maior que a filha.
As mães muitas vezes procuram nas filhas algo que elas não tem para dar e vice-versa.
O que nos auxilia a ser livres para a vida é o olhar de respeito pela grandeza da mãe e sua força, respeito pelo seu destino, sua história, suas escolhas e a consciência de que não é papel da filha salvar a mãe e resolver a vida dela.
Afinal de contas, quem fica o tempo todo querendo mudar a mãe, quer salvá-la ou quer resolver algo nela; quem fica dependente continuamente da mãe, sem assumir a própria autonomia, espera infantilmente algo dela.
Assumir seu lugar dentro da família é reconhecer o direito de arcar com a própria vida, a responsabilidade de construir o próprio destino e caminhar para onde aponta o seu coração, e claro, pagar o preço por isso.
Para que os conflitos com a mãe se resolvam dentro de nós alguns princípios são essenciais. Nós filhas precisamos:
Abrir mão da fantasia de salvadora do mundo,
Respeitar a ordem familiar e reconhecer a grandeza e força da mãe,
Aprender a nos ver como continuidade do amor dos nossos pais,
Compreender que gratidão é fazer valer o sacrifício daqueles que vieram antes
Assumir a autonomia e a responsabilidade por nossa vida.
Tais princípios nos levam a estabelecer as atitudes adequadas: colocar limites, aproximar ou afastar um pouco, saber no que se envolver ou deixar de envolver, o que valorizar ou não, o que atender ou não, o que se preocupar ou não.
A primeira coisa a fazer para imprimir saúde ao relacionamento mãe X filha é olhar para si mesma (seja mãe ou filha) e reconhecer seu lugar nessa estrutura familiar, desistindo de criticar e exigir, olhando para sua autonomia e autorresponsabilidade.
Que essa consciência possa facilitar os movimentos que você precisa fazer para pacificar seu relacionamento mãe X filha e para liberar-se para seu crescimento pessoal e sua própria felicidade.
Esse tema te tocou de alguma maneira e fez sentido pra você? Compartilhe com outras mulheres e me conte suas experiências, tanto no lugar de mãe como no lugar de filha.
Cristina Vasconcelos
Psicoterapeuta
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