O paradoxo do silêncio: fascínio e pavor!
Há algo de misterioso que envolve o silêncio que, de certo modo, nos fascina e ao mesmo tempo nos apavora.
O silêncio é uma expressão não verbal que comunica mais que palavras. Ele guarda verdades, segredos, histórias, pensamentos, percepções, sentimentos e emoções. Ignorá-lo é desconhecer os princípios básicos da comunicação interpessoal.
Quando o silêncio inevitavelmente surge é certo que também aparece tensão e certas atitudes típicas começam a ocorrer. Cada um, ao seu modo, encontra sua forma característica de liberar a ansiedade causada pelo silêncio. Estar à vontade diante dele o(a) ajudará a aliviar-se de grande parte da tensão ansiosa gerada pelo mesmo.
Em alguns momentos, silenciar é benéfico, até como uma maneira de preservar a saúde física e mental. Mas quando algo te incomoda a ponto de tirar sua paz é importante colocar para fora aquilo que está te atormentando.
Os psicoterapeutas e facilitadores de grupos/cursos enfrentam esse fenômeno, seja na terapia individual, na terapia de grupo ou mesmo em grupos não terapêuticos.
Auscultar o silêncio e seus diferentes significados propicia ao indivíduo uma melhor compreensão da dinâmica da comunicação interpessoal e do que está por trás daquele silêncio.
Mas quero ressaltar que o silêncio é sempre uma das mais ricas fontes de comunicação não verbal. As pessoas usam o silêncio com as mais diferentes facetas:
O silêncio da reflexão e introspecção…
O silêncio da oração e da contemplação…
O silêncio que cala as vozes internas...
O silêncio da escuta interessada e reverente...
O silêncio do casulo e da autotransformação...
O silêncio de amor e de paz...
O silêncio da expectativa, da atenção e concentração…
O silêncio do adeus...
O silêncio do respeito…
O silêncio de tensão emocional...
O silêncio do conflito...
O silêncio do medo...
O silêncio da dor e da perda...
O silêncio da dependência emocional e da submissão...
O silêncio da solidão...
O silêncio da resistência e bloqueio emocional…
O silêncio de desinteresse…
O silêncio da tristeza e da depressão…
O silêncio da timidez ou por dificuldade de comunicação...
O silêncio de desafio...
O silêncio da mágoa, do ressentimento e da amargura…
O silêncio da desconfiança…
O silêncio de desprezo, descaso e indiferença…
Sem dúvida, outras faces do silêncio podem ser identificadas, se aprofundarmos um pouco mais...
Várias crianças aprendem muito cedo a silenciar sentimentos e quando adultos passam a maior parte da vida fazendo isto. Os motivos que levam as pessoas a silenciar emoções são muito variados, mas as questões que não querem calar são:
Até quando o corpo físico e a saúde emocional podem suportar?
Será que o silêncio diminui a dor, a tristeza, a solidão, o medo?
Será que o assunto silenciado, se torna esquecido e resolvido?
Será que o silêncio sempre sinaliza que está tudo bem?
Será que no silêncio há menos barulhos?
De forma alguma! Existem silêncios que são mais barulhentos que uma britadeira ligada. Há coisas que calamos por não saber o que, como, quando e a quem dizer! O que não significa de jeito nenhum que está tudo bem!!!
Algumas de nossas vivências são dolorosamente intensas e de uma violência emocional tão absurda que o simples fato de lembrar já dói, quanto mais falar no assunto! Entretanto, é falando, é “vomitando”essa emoção, essa dúvida, essa perplexidade pra alguém que te ouve sem censura, que te acolhe, te compreende e sente sua dor, é neste movimento que se quebra o domínio do silêncio e um lindo processo de restauração se inicia.
Sem colocar pra fora, a dor continua, a emoção fica ali, te enfraquece, te adoece, te isola e te deprime. Estudos científicos têm comprovado que as palavras e emoções silenciadas podem a longo prazo se converter em doenças psicossomáticas. Isso é fácil de compreender: mente e corpo caminham juntos, estão intimamente conectados.
Às vezes, quando em meio de pessoas, fazendo coisas ou se movimentando, a dor aquieta um pouco e a emoção fica calada. Mas… tão logo você se vê sozinho(a), quando põe a cabeça no travesseiro… é tiro certo! Os pensamentos voltam à tona, a dor grita e machuca de novo. Porém, quando ela é cuidada e elaborada pode ser transformada em crescimento.
O silêncio realmente é sábio, mas se for empregado da maneira certa. Ele deve ser exercitado conscientemente, pois no momento adequado, pode redirecionar nossas emoções e atitudes através de pistas não verbais.
Deixo com você algumas provocações:
Como você tem usado o silêncio: de forma construtiva ou de forma defensiva?
Quanto tempo do dia você dedica ao silêncio reflexivo e introspectivo?
Que ruídos externos e internos impedem seu contato com seu mundo interior?
Que sentimentos/emoções você tem silenciado ao longo de sua vida?
Se você acha que não consegue resolver os teus silêncios sozinho(a), eu estou aqui pra te ajudar. Um processo de autoconhecimento através da psicoterapia pode te colocar em contato com sua força interior e te conduzir ao equilíbrio, à saúde emocional, qualidade de vida e bem estar.
Cristina Vasconcelos - Psicoterapeuta e Coach
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